Com mescla de cores, plumagem auxilia na camuflagem da espécie — Foto: Betinho Rodrigues/Arquivo Pessoal
Ser um dos países com a maior diversidade de espécies de aves do mundo tem muitas vantagens: uma delas é a variedade de sons, cores e detalhes que enriquecem as matas e os centros urbanos. Na lista brasileira dos “estampados” está o uru (Odontophorus capueira).
Com 24 centímetros de comprimento, a ave esbanja elegância com a plumagem rajada que mescla tons de cinza, marrom e laranja. Apesar do ‘colorido’, os tons ajudam a espécie a se camuflar no solo da floresta.
Além da habilidade em se camuflar, ave se destaca pela vocalização — Foto: Daniel Mello/Arquivo Pessoal
A vocalização também se destaca pela lenta e duradoura sequência de notas bissilábicas “urú”. A cantoria costuma ser feita em duetos para demarcar território. Os bandos, que podem ter 15 indivíduos ou mais, também se comunicam através dos sons, esses, que ajudam os observadores a identificar a espécie na mata. Além de afinados, os urus são pontuais: geralmente vocalizam no final da tarde, como um anúncio do anoitecer.
Encontrado no solo de florestas densas e escuras a ave é territorialista e não mede esforços para proteger o espaço de bandos vizinhos. Quando assustado, porém, foge correndo pelo chão. No período reprodutivo nidifica no solo, geralmente em buracos forrados por folhas secas. O abrigo é perfeito para a fêmea chocar pelo menos cinco ovos e proteger os filhotes.
Conhecida também por uru-capoeira e piruinha, a ave é da família Odontophoridae, parente do uru-do-campo, uru-corcovado e uru-de-topete.
Os filhotes de uru escondem-se em buracos e cavidades no solo — Foto: Betinho Rodrigues/Arquivo Pessoal
Parente ameaçado
Encontrado em matas do Leste, Nordeste e Sul do Brasil, o uru-capoeira (Odontophorus capueira), apesar de ser alvo frequente de caçadores ilegais, não é considerado ameaçado de extinção. No entanto, uma subespécie de uru endêmica da Mata Atlântica nordestina, (Odontophorus capueira plumbeicollis), é considerada "Criticamente Ameaçada".
Odontophorus capueira plumbeicollis é uma das aves mais raras do Brasil — Foto: Ciro Albano/Arquivo Pessoal
O declínio populacional da subespécie do nordeste é resultado da caça, perda de habitat, predação de cachorros domésticos e da transmissão de doenças por aves domésticas.
De acordo com o levantamento publicado no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, atualmente a população total dos Odontophorus capueira plumbeicollis não ultrapassa os 250 indivíduos maduros, podendo ser considerado uma das aves mais raras do Brasil.