pitiguari

Pitiguari

O pitiguari é uma ave passeriforme da família Vireonidae. Também denominado popularmente de gente-de-fora-vem, segundo a sonoridade de seu canto.

É reverenciado na música “Meu pitiguari” de André & Mazinho.

Meu pitiguari, Voa vai buscar
A espera mata, A espera mata, Um coração que quer amar

Ansiedade me machuca o peito
Sem ver a hora de você chegar
Amor ardente, paixão incontida
Por toda a vida é o que vou lhe dar, meu pitiguari

Nome Científico

Seu nome científico significa: do (grego) kuklos = círculo; e rhis, rhinos = narinas; e gujanensis = relativo a localidade, relativo à Guiana Francesa. ⇒ Pássaro com narinas redondas da Guiana.

Características

Mede cerca de 16,5 centímetros, tem cabeça e bico desproporcionais ao corpo. O bico é todo acinzentado com leve tom róseo, de aspecto poderoso e terminando com uma ponta fina, virada para baixo, parecendo um bico de ave de rapina em um pássaro. As cores são únicas, com a cabeça e nuca acinzentadas, uma nítida e característica faixa marrom-avermelhada sobre os olhos (laranja-escuro nos adultos, marrom uniforme nos juvenis). Alto da cabeça oliváceo ou cinza-escuro. No peito, uma larga faixa amarelada separa a barriga e a garganta cinza-claro, quase branca. Dorso pardo-esverdeado. Macho e fêmea são idênticos.

Subespécies

O pitiguari apresenta 22 subespécies, sendo que três delas ocorrem no Brasil e são distintas principalmente pela coloração da sobrancelha:

  • Cyclarhis gujanensis gujanensis (Gmelin, 1789) (Norte do Brasil): essa subespécie possui a sobrancelha mais escura que as outras e o píleo é cinza-claro, da mesma coloração da região auricular. Possui a coloração do ventre muito branca e, no peito, a larga faixa amarelada é muito clara e também muito pequena em comparação com as outras subespécies, ficando apenas no papo e seguindo nas extremidades das asas até o começo das coberteiras médias. O dorso, as asas e a cauda possuem uma coloração pardo-esverdeada mais forte e as rêmiges primárias são pretas.

  • Cyclarhis gujanensis cearensis (S. F. Baird, 1866) - (Nordeste e Centro-Oeste do Brasil): essa subespécie possui a sobrancelha mais clara que a ssp. gujanensis e o píleo é cinza-escuro, diferente da coloração cinza-claro da região auricular. O ventre é branco-amarelado e, no peito, a larga faixa amarelada é mais escura e maior que a ssp. gujanensis, indo até o começo das coberteiras médias e seguindo nas extremidades das asas até o final das coberteiras médias. O dorso, as asas e a cauda possuem uma coloração pardo-esverdeada muito clara em comparação com as outras subespécies.

  • Cyclarhis gujanensis ochrocephala (Tschudi, 1845) - (Sul e Sudeste do Brasil): essa subespécie possui a sobrancelha muito curta, reduzida apenas até a região da fronte, acabando em cima dos olhos. O píleo é cinza-amarronzado muito escuro, diferente da coloração cinza-claro da região auricular. O ventre é branco-amarronzado e, no peito, a larga faixa amarelada é mais escura do que as outras subespécies, ficando apenas no centro, sem vazar pelas extremidades das asas como nas outras duas subespécies. O dorso, as asas e a cauda possuem uma coloração pardo-esverdeada mais escura que a ssp. cearensis, porém mais clara que a ssp. gujanensis e suas rêmiges primárias também são de um preto mais claro que a ssp. gujanensis.

(Referências: Guia de Campo Avis Brasilis: Aviafauna Brasileira, Tomas Sigrist)

Indivíduos com plumagem leucística

O leucismo (do grego λευκοσ, leucos, branco) é uma particularidade genética devida a um gene recessivo, que confere a cor branca a animais geralmente escuros.

Mais informações sobre as mutações que afetam a plumagem das aves podem ser encontradas no link abaixo:
As mutações que acometem as aves.

Alimentação

Alimenta-se de invertebrados apanhados no meio da vegetação, onde é surpreendente como se esconde bem. Vistoria as folhas cuidadosamente, às vezes penetrando nos emaranhados mais densos. Apanha lagartas grandes, maiores do que se imaginaria pelo seu porte. Mata as presas com o bico forte batendo-as contra os galhos. Ainda alimenta-se de larvas e pequenos frutos.

Reprodução

Vive em casais, os machos ligeiramente maiores do que as fêmeas, mas é necessário observá-los juntos para conseguir determinar o sexo. Entre julho e novembro (período reprodutivo), cantam intensamente o melodioso chamado flautado, entendido como o nome comum dado à espécie. Uma ave responde à outra, enquanto andam na parte alta e média da mata. Ocasionalmente, vistoria arbustos baixos. Responde a seu canto imitado ou gravado, procurando a fonte emissora. Agressivo, ataca outros pitiguaris em seu território. A maior parte da construção do ninho é um trabalho da fêmea, que utiliza fibras vegetais na confecção de uma tigela aberta e funda, revestida com musgos. O ninho é bem preso numa forquilha de árvores com auxílio de teias de aranha. Nele são postos os ovos branco-avermelhados com salpicos roxos e brancos, medindo 24 por 18 milímetros. O macho e a fêmea revezam-se na incubação, durante cerca de 14 dias, e alimentam os filhotes.

Hábitos

Vive na borda de matas, capoeiras, capões nas caatingas, parques e jardins. Fora do período reprodutivo, pode passar despercebido enquanto vistoria a folhagem. Pousa na parte externa das árvores, a plena luz. Acostuma-se a ambientes criados por ação humana.
Vive escondido na folhagem das árvores, sendo denunciado pela sua vocalização. Canta em todos os meses do ano, às vezes mais de uma hora seguida e, depois, cala-se por algum tempo. Atende rapidamente após playback.

Distribuição Geográfica

Ocorre em grande parte do Brasil, exceto em pequena área da Amazônia ocidental.

Referências

Galeria de Fotos

pitiguari.txt · Última modificação: 2024/02/10 14:16 por Claudio Souza